quarta-feira, 29 de junho de 2016

Hail Odin – Um Deus entre Valhalla e os homens

Como em todas culturas ao longo da história da humanidade, sempre fomos adeptos a Deuses, crenças, filosofias de vida. O mesmo ocorreu aos Vikings com seus Deuses, costumes e filosofias, hoje, abriremos espaço para discussão em torno de certos contos, porém, em uma atenção especial abordaremos Odin, ou Pai de Todos, ou também ainda, O Velho Rei.
Odin, ou  Óðinn (nórdico antigo) deriva da palavra ódr, significando “furor”, na sua versão germânica antiga seria Wöden (quarta-feira é tida como o dia de Odin, devido sua tradução Wöden Days, em ingês tornaria Wednesday) que significaria algo como: embriaguez, excitação, gênio poético, movimento do mar/fogo e tempestade. Para compreendermos mais a história deste místico Deus nórdico, apresentarei brevemente um pouco a respeito da mitologia nórdica (ao longo do texto deixarei também alguns contos que se envolvem diretamente com feitos de Odin)

                                                           Os 9 Mundos

Odin, junto de seus irmãos (Vili e Vé) foram os responsáveis pela criação do mundo. O que para nós seria a criação do planeta Terra, para os escandinavos seria a criação de um universo, dividido em 9 mundos. Vale ressaltar também que a concepção de universo para eles não é o que temos hoje em dia, mas sim uma conexão destes 9 mundos por uma árvore, Yggdrasil, onde seus galhos e raízes seriam a ligação entre eles e o tronco da grande árvore teria sua visibilidade em algum lugar no centro de Midgard. Divisão dos 9 mundos:

Asgard: A terra dos Aesir, a principal família de deuses. A qual Odin pertence.  

Vanaheim: A terra dos Vanir, a segunda família de deuses.

Midgard: Conhecida como "Terra Média" ou "Terra do Meio", era o lar da humanidade. 

Jotunheim: Localizado no leste, era o lar dos gigantes da montanha (jotuns). 

Álfheim: Localizado no oeste, era o lar dos elfos. 

Svartalfheim: O lar dos elfos escuros. Ficava localizado no subterrâneo.

Nidavelir: O lar dos anões. Também ficava localizado no subterrâneo. 

Musphelheim: Localizado no sul, era a terra de fogo, governada pelo gigante de fogo, Surtur ou Surt. 

Niflheim: A terra das neblinas. Ficava localizado no norte, era o lar dos gigantes de gelo e outras criaturas. Era o local para onde ia parte dos mortos. 

os nove mundos entrelaçados em Yggdrasil.

A criação da humanidade: 
Enquanto caminhavam por uma das praias de Midgard, Odin, Vili e Vé avistaram dois troncos que haviam sido trazidos pelas ondas do mar. Neles, os Deuses esculpiram 2 formas, uma de homem, que via a se chamar Ask e no outro tronco, em forma de mulher, chamaram de Embla. A respeito da humanidade, existem inúmeros mitos, alguns deles retratam Odin, Vili e Loki como criadores, então Embla e Ask se reproduziram ploriferando a raça humana. Heimdal, o deus, era associado a criação das classes sociais, das quais os escandinavos estavam divididos em Jarl (nobres e aristocratas), Karl(plebe) e Thrall (escravos).      


                                                       Esposa e filhos: 
             Odin era casado com a Deusa Frigga, rainha dos deuses, descrita como uma mulher bela e inteligente, voltada para os afazeres do lar. Associava-se Frigga a proteção da família, do lar, matrimônio, amor maternal e fertilidade, embora possa ser confundida com Freya (deusa da beleza, paixão, fertilidade, sensualidade e sexualidade). Frigga era considerada a deusa mais nobre entre todas, a qual governava a mansão Fensalir, em Asgard.
        Mesmo embora Odin casado, havia possuído várias amantes: Jörd, Gunnlöd, Rin, Grid e até mesmo a Deusa Freya é mencionada em alguns contos como sendo sua amante. Há também a suspeita da Deusa Saga ser sua amante.
Odin e Frigga tiveram alguns filhos: o deus Balder (Baldr ou Baldur), o deus cego Hödr, o mensageiro dos deuses, Hermodr. Já os filhos bastardos de Odin (os quais Frigga também cuidava), são: Thor (filho de Odin com Jörd, a deusa da terra), Bragi, o deus da poesia (filho de Odin com Gunnlöd), Vali (filho de Odin com Rind, talvez uma humana ou giganta), Vidar, o deus da vingança (filho de Odin com a giganta Grid), etc. 
Pelo fato de Frigga ser a deusa do amor materno, ela adotava os seus enteados de bom grado.

Thor, o seu filho mais famoso



Um olho pela sabedoria

                   A busca de Odin por sabedoria lhe custou um olho. Certa vez desceu até a base da grande árvore Yggdrasil, adentrou um caminho que descia até as profundezas da terra, então chegou até a Fonte de Mimir (ou também Poço de Mimir). Mimir, um dos Deuses mais antigos, que viera a surgir ainda nos primórdios do mundo e embora não se saiba quais são exatamente suas origens, era considerado o mais sábio dos Deuses.
        Assim que Odin chegou até esse local, questionou ao Deus se poderia beber um pouco de sua fonte, Mimir prontamente concordou com a solicitação do Velho Rei, porém, pediu algo em troca a solicitação. Foi então que Odin arrancou um de seus olhos (não se sabe exatamente qual deles foi sacrificado). Em seguida colocou na borda da fonte, e logo bebeu um pouco daquelas águas.
          Posterior a isto, durante a guerra entre os Aesir e os Vanir (duas famílias de Deuses), Mimir foi assassinado e sua cabeça decepada. Odin então saiu em busca do corpo do Deus, que encontrou conseguindo salvar sua cabeça, a qual ele a guarda em Asgard e que consultava quando precisava de conselhos..
        Para que Odin obtivesse o conhecimento sobre as runas, o Velho Rei se enforcou em Yggdrasil, por nove dias e nove noites e para completar tal sacrifício foi atingido com uma lança na barriga, que ficou cravada em seu corpo pelo perídio que ali ficou. Odin descobriu os mistérios rúnicos sob seus gemidos de dor, até que após o período de sofrimento ele caiu sobre a terra. Tendo posse destas palavras, Odin começou a escrevê-las em certos lugares, tais como escudos, navios, nas patas e até dentes de seu cavalo, na sua lança, sobre ouro, etc...após isso ensinou a humanidade esse poder mágico de proteção, cura, invocação, ataque, etc...

Odin já sem um dos olhos


As várias aparências de um Deus

          Apesar de não haver uma descrição clara da fisionomia de Odin, visto que o mesmo tinha o costume de utilizar de vários disfarces, ele geralmente era descrito como sendo um homem velho, alto, barbudo e sendo cego de um dos olhos (como já limos, o mesmo olho doado em prol da sabedoria). Então aí iniciou a concepção da sua imagem por artistas, e andarilhos. Em um poema de nome “A Saga de Volsung”, Odin aparece sob um disfarce de trajes longos, cinzentos e um chapéu de abas largas, adentra o salão do Rei Volsun, de forma misteriosa, surpreendendo todos que estão ali. Saca uma espada e finca num tronco, e diz que aquele que retirar a espada do tronco recebera a melhor arma já forjada, a qual também lhe traria sorte em batalha. Nesta passagem percebemos que Odin busca ajudar de certa maneira os guerreiros ou pretendentes ao heroísmo, agindo de maneira reservada e séria. Após o ocorrido ele desaparece.


Representação de Odin na série Vikings.

Sleipnir e Gungnir: 

 
Odin montado em seu veloz cavalo
e empunhando sua podreosa lança
                Sleipnir era o cavalo de Odin, o mais veloz de todos os cavalos, que permitia o Velho Rei voar mais rápido que o próprio vento e atravessar facilmente os nove mundos, cuja peculiaridade era a de possuir 8 patas. 
                Sleipnir era filho de Loki, e por trás de sua origem nos vem uma história particularmente estranha. Um gigante, disfarçado de homem fez uma proposta aos Deuses para construir uma muralha ao redor de Asgard. Em troca de tal feito o homem exigiria a Lua, o Sol (na mitologia nórdica ambos são concebidos como deuses) e a Deusa Freya. Apesar dos deuses não concordarem muito com tal proposta, aceitaram, porém, existia uma cláusula, o prazo para construção seria o inverno, caso contrário, se não fosse feito dentro deste período o mesmo não receberia seu pagamento, além de ter de fazer tudo sozinho. Ao fim, o homem pediu apenas para utilizar seu cavalo, Svaldifari, para que pudesse carregar as pedras, os Deuses pensavam a respeito da proposta, quando Loki, com sua língua ardilosa, disse que não haveria problema algum, logo então o homem iniciou seu serviço.
           O inverno estava acabando e o gigante mantendo sua palavra com relação ao prazo estipulado, já ao fim da construção, prestes a iniciar a primavera, os Deuses começaram a se preocupar com relação e ter que entregar Freya, o Sol e a Lua, então cobraram para que Loki resolvesse a situação, já que o mesmo havia concordado que o homem pudesse usar o cavalo. Ameaçado de morte pelos outros Deuses, Loki titubeou até que teve a idea de se transformar em uma égua, logo então começou a relinchar na floresta, Syaldifari ao ouvir o relincho correu para dentro da floresta atrás de Loki. Seu dono correu atrás do cavalo, ficou um dia todo procurando o cavalo, isto fez com que as obras fossem atrasadas. Com a chegada da primavera e a muralha ainda não conclusa, os Deuses negaram o pagamento, conforme o trato feito com o homem. Revoltado ele começou a esmurrar, revelando seu disfarce. Thor, que estava em Jotunheim matando gigantes, havia retornado e ao ver um gigante atacando as muralhas de Asgard matou ele, utilizando seu martelo. Após os eventos ocorridos Loki deu a luz a um cavalo de oito patas, o qual recebeu o nome de Sleipnir e dado de presente a Odin.
            Gungnir, a lança de Odin, jamais erraria o alvo assim que arremessada, ignorando a distância que estivesse, e também assim que apontasse Gungnir para as armadas inimigas, os mesmos já teria certeza da derrota. Foi também esta lança que o perfurou enquanto pendurado em Yggdrasil. A origem da lança se da quando Loki realizara mais uma de suas travessuras, ele teria ido até o palácio de Thor (Bilskirnir) e La ele havia a esposa de Thor, a também Deusa Sif, que era conhecida por seus longos cabelos dourados como o ouro. Sif estava dormindo, então Loki se aproveitou disso e cortou seus cabelos, assim que a Deusa acordou e viu que seus cabelos estavam curtos, entrou em desespero e se escondeu de seu marido. Thor, que achou tudo muito estranho a questionou a respeito do porque ela havia se escondido dele,  foi então que ela contou que alguém havia cortado seus cabelos, e o principal suspeito era Loki. Thor, enfurecido, vai ao encontro de Loki, e o ameaça de morte. Para que pudesse salvar sua própria vida, Loki vai de encontro aos anões, famosos por serem ferreiros exímios, ele lhes pediu que fizessem cabelos de ouro para que ele pudesse dar a Sif. De primeiro momento, os anões se recusaram a aceitar o pedido de Loki, porém, o Deus havia apostado sua vida naquele feito, para que os anões fizessem três preciosos tesouros. Disseram os anões que aceitariam fazer os presentes aos Deuses, mas que também fariam os seus presentes.                  Logo que os anões iniciam seu trabalho, Loki se transformaria em um mosquito para atrapalhar o trabalhos dos anões, para que os presentes que fossem dados por Loki fossem melhores que os ofertados pelos anões. Ao fim, os anões construíram seis presentes, três ofertados por Loki, como desculpa por sua peripécia, e três pelos anões. Loki deu a Odin, uma majestosa lança, que chamara de Gungnir, dizia ele jamais errar o alvo, atravessaria oceanos para atingir o seu alvo. Para Thor, ele daria os cabelos de ouro de sua esposa, e a Freyr (Deus, irmão de Freya), representante dos Deuses Vanir, ele receberia um navio nomeado de Skidblandir, um barco que assim que suas velas fossem içadas velejaria através dos mares, e ainda poderia ser encolhido e guardado em um bolso ou em uma bolsa. Já os anões deram a Odin um anel feito de ouro, chamado de Draupnir, que passado nove noites, ele se multiplicaria e criaria anéis idênticos. Para Freyr, um javali com uma crina dourada, chamado de Gullinbursti, que possuiria o poder de correr pelos ares e pela água. E por fim, a Thor eles deram um martelo de cabo curto, chamado de Mjölnir, que viera a se tornar a principal arma do Deus dos trovões e raios. Todos os três Deuses consideraram o martelo como o mais poderoso dos presentes.


Todos os Deuses foram de suma importância para suas devidas civilizações, assim como foi Odin aos nórdicos, eles se espelhavam em feitos de suas histórias. Infelizmente não se sabe exatamente as origens das histórias nórdicas, uma vez que existiram inúmeros autores cristãos que ridicularizavam os feitos dos Deuses pagãos.










5 comentários:

  1. Interessantíssimo tanto o tema abordado, como o texto. A cultura nórdica é tão pouco difundida e estudada que sempre é bom ler algo a respeito. Ainda mais quando a leitura é repleta de informações.

    ResponderExcluir
  2. Por isso as nossas aulas caíram na quarta-feira não foi por acaso!! Somos todos apadrinhados pelo Grande Deus Odin!!!!

    ResponderExcluir
  3. Por isso as nossas aulas caíram na quarta-feira não foi por acaso!! Somos todos apadrinhados pelo Grande Deus Odin!!!!

    ResponderExcluir