Quem diria que, em pleno ano de 2016, onde a tecnologia é tanta e a cada dia mais surpreendente, ainda existe no planeta terra pessoas que não sabem o que é um rádio, uma tv, quiçá um computador. E mais, apesar das milhares, talvez milhões de fábricas de confecção no mundo, pessoas que nunca usaram uma roupa confeccionada por estas. Difícil de acreditar não?
É impressionante, mas existe pelo menos um local em nosso planeta onde as pessoas estão nessa condição. O local se chama Ilha Sentinela do Norte, localizada no Oceano Indico, entre Mianmar e a Indonésia. A ilha possui aproximadamente 60.000 anos e é o local onde existe uma das tribos mais isoladas do planeta.
A tribo sentinelesa é extremamente hostil e até hoje, o contato feito com seus integrantes foi feito de forma extremamente superficial. Não existe um estudo sequer que possa informar a origem, características, etc dos habitantes da Ilha Sentinela do Norte. Apesar disso, a pouca informação obtida a respeito deles sugere que os sentineleses são descendentes diretos dos primeiros seres humanos surgidos a partir da África.
A ilha possui vegetação bastante fechada, sendo impossível precisar a quantidade exata de habitantes, mesmo que por imagens de satélite. Estima-se que por lá vivem entre 50 e 400 pessoas, nativas da tribo. E mais ninguém além deles.
Já houveram diversas tentativas de contato com a tribo. Porém, nenhuma obteve sucesso, pois ao perceberem a aproximação de intrusos, os sentineleses os recebem com chuvas de flecha ou alguma posição de ataque. Isso quando sua postura se torna intimidativa ou constrangedora por outros fatores. O antropólogo indiano T. N. Pandit conta que "as vezes eles sentam de costas pra nós e sentam em seus quadris como se fossem defecar" numa clara demonstração de que os intrusos não eram bem vindos. Noutra oportunidade, os moradores da ilha repudiaram o contato de uma forma inusitada. Vários componentes da tribo foram até a praia e lá realizaram uma orgia na frente dos intrusos. Obviamente os pesquisadores, antropólogos, historiadores e soldados que faziam a segurança destes ficaram extremamente constrangidos.
Também a ajuda proposta por socorridas após o tsunami de 2004, foi rejeitado pelos sentineleses através de flechas. Aliás, apesar do tsunami ter atingido fortemente a ilha Sentinela do Norte, pela avaliação dos socorristas, a tribo saiu ilesa.
Como em qualquer tentativa de contato ou colonização de um povo, os colonizadores volta e meia mandam ou dão presentes para os colonizados. Com os moradores da ilha Sentinela do Norte não foi diferente, pois, através de canoas, foram mandados presentes para os sentineleses na tentativa de contato. Os presentes geralmente eram frutas inexistentes na ilha, tais como cocos e bananas, presentes estes bem recebidos pelos sentineleses. Mas só os presentes, pois mesmo após recebidos estes, o repúdio aos intrusos não diminuía.
Os contatos acidentais com os sentineleses geralmente não acabam bem. Em 1896, um fugitivo das prisões britânicas das Andamans, ilha localizada no mesmo golfo, ficou a deriva no mar e acabou numa praia em Sentinela do Norte por engano. Foi encontrado morto com o corpo recheado de flechas e a garganta cortada. Em 1974, a expedição que foi até lá fazer um documentário, retornou sem tê-lo realizado e com o diretor ferido na perna por uma flecha. Mais recentemente, em 2006, dois pescadores foram mortos enquanto pescavam na faixa de proteção da ilha.
Não se sabe muita coisa sobre o povo habitante da ilha Sentinela do Norte, sequer sobre suas moradias, devido a vida comunitária e social ser dentro da mata fechada. Sabe-se, porém, que os sentineleses falam uma língua totalmente estranha, o fato de ser um povo caçador e coletor, tendo em vista que nada cultivam, e que sua alimentação consiste em frutas, mel, peixes, porcos selvagens e lagartos.
A soberania sobre o local pertence a India que após tentar por diversas vezes aproximação com os habitantes locais, todas em vão, desistiu do contato com o o povo tribal e ainda proibiu visitas a ilha, a qual possui uma faixa de 3 milhas náuticas de proteção, o que se entende ser a melhor atitude a ser tomada, tendo em vista os sentineleses não possuírem qualquer imunidade as doenças modernas bem como a difícil, senão impossível, socialização dos mesmos.
Concordo com a postura da Índia de proibir a aproximação, claro que seria muito interessante estudar a reação deles quando apresentados ao séc. XXI ao qual conhecemos, mas como citado no texto, os sistema imunológico deles não está preparado para tal contato, onde provavelmente sejam muito sensíveis as "nossas doenças", bactérias, etc. Já tive contato com pessoas do interior, (muitos de vocês também devem conhecer), que ainda vivem em locais que ainda não possui energia elétrica, dentre outras "facilidades" e "luxos" que temos, e simplesmente dizem não sentir falta de nada, que o pouco que possuem é o suficiente, que sempre viveram assim e nunca lhes faltou nada. Se pararmos realmente para pensar, será que eles são "atrasados" ou nós que somos "reféns"? Será que não fomos "nós" que acabamos nos tornando dependentes da comodidade? E será que podemos chamar de comodidade? Bem, pelo que conhecemos da história em todos os seus períodos, me atreveria a dizer que não passamos de meros "escravos" do "poder" e do "valer".
ResponderExcluirPerfeito teu senso crítico e de observação. Concordo em gênero e grau com teu comentário.
ExcluirParabéns pela postagem..
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