domingo, 24 de julho de 2016

A vida no Reich



            Os nazistas atraíram seus apoiadores por meio de promessas que atenderiam suas necessidades básicas: trabalho e pão. Nem todos os primeiros seguidores de Hitler compartilhavam seu violento antissemitismo, ou consideravam-se de uma raça superior que estava destinada a dominar as nações “inferiores”.
            Em novembro de 1918, a população alemã estava esgotada, desencorajada e buscando um líder capaz de identificar e punir os culpados pela tragédia que se abatera sobre a Alemanha.
            Em 1922-1923, a população viu suas poupanças serem varridas e os salários desvalorizarem tanto, ao ponto de os trabalhadores serem pagos duas vezes por dia, para comprar comida antes que os preços subissem. A sensação de descontrole dominava todos os aspectos do cotidiano alemão. Tornou-se comum ver homens, mulheres e crianças pedindo esmolas ou um pouco de comida.
            Em meio a esse desespero, os nazistas surgem com o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, com a promessa de empregos para os desempregados e ajuda aos mais pobres. Mas deixaram explícito sua intenção de expurgar as instituições comerciais de origem judaica e assim acabar com a “competição desleal”. Prometeram também restaurar o orgulho nacional e rasgar o Tratado de Versalhes exigindo a devolução das terras que ficaram em poder dos aliados na Primeira Guerra Mundial.
            A estratégia era persuadir cada cidadão a acreditar que era seu dever patriótico votar por um programa como aquele.
            Em 1933, o povo alemão estava farto de seus políticos tradicionais que, até ali, não tinham conseguido reerguer a nação e estava disposto a dar uma chance a esses recém chegados que pareciam tão diferentes.

Enquanto o ano de 1931transcorria cheio de dificuldades, com 5 milhões de assalariados sem trabalho, com a classe média enfrentando a ruína, os agricultores impossibilitados de cumprir os pagamentos de suas hipotecas, o Parlamento paralisado, o governo estrebuchando, o presidente idoso e doente rapidamente mergulhando na confusão da sensibilidade, uma confiança de que eles não teriam muito que esperar enchia o peito das cabeças nazistas. (SHIRER, William L. p. 14)

            Para o estudante berlinense Bernt Engelmann, a primeira indicação de que havia algo sinistro por trás dos homens de camisas marrons que distribuíam panfletos pelas ruas veio numa manhã, em maio de 1932. Alguém havia hasteado uma grande bandeira com a suástica no telhado da escola. Um dos professores ordenou que o servente a retirasse, mas ele apenas sorriu e disse não ter a chave da porta que levava ao teto. Dos 450 alunos da escola, cerca de 40 eram simpatizantes do nazismo, e naquela manhã, durante o intervalo alguns alunos vestiram o uniforme da Juventude Hitlerista e espancaram alunos mais novos que eram contra o ideal nazista.
            Os nazistas não pouparam esforços para conquistar os corações e mentes da população, fazendo promessas que não tinham como cumprir e elevando a propaganda a um novo patamar, organizando grandes comícios e desfiles, passando a falsa impressão de popularidade.
            Hitler e Goebbels montaram uma campanha bem estruturada, gastando as últimas reservas do partido e todos os truques publicitários possíveis. Em dez dias, os nazistas realizaram 900 eventos, com Hitler discursando em 16 comícios. Milhares de membros da SA e da SS marcharam pelas ruas gritando palavras de ordem enquanto carros com alto-falantes convocavam a população para voltar. Após 15 dias, o presidente Hindenburg foi persuadido a indicar Hitler como o novo chanceler.
            Horst Kruger, filho de um funcionário público berlinense, testemunhou a euforia com que se saudou a ascensão de Hitler à chancelaria em 1933: “Era uma noite fria de janeiro e havia um desfile à luz de tochas. O locutor do rádio, cujos tons ressoantes estavam mais próximos dos cantos e soluços do que da transmissão de notícias, estava experimentando certamente grandes emoções... Ele repetia algo sobre o redespertar da Alemanha, e sempre acrescentando como um refrão de que agora tudo, tudo seria diferente e melhor e que chegara o tempo da colheita... Uma onda de grandeza parecia cobrir todo o nosso país...”.
            Naquela semana, a impressão era que todas as casas e lojas haviam pendurado bandeiras coma suástica e até as bicicletas das crianças estavam enfeitadas. Parecia que todos estavam incluídos na festa, pelo menos todos os que fossem de etnia alemã.
            Até mesmo alguns judeus tinham a esperança de que o furor antissemita pudesse amenizar agora que o partido estava no poder.
            A miséria, o desemprego e a crise econômica parecia ter sido varrida, foi anunciado um amplo programa de obras públicas e as pessoas estavam confiantes e otimistas.
            A cada conquista territorial, a reputação de Hitler era multiplicada por dez, e ter alcançado ganhos tão significativos sem arrastar o país para uma guerra parecia demonstrar que o Führer havia sido enviado por Deus para reivindicar o que era da Alemanha por direito.
            Os líderes nazistas buscavam cultivar uma imagem de arquitetos de uma nova sociedade sem classes. Garantiram o acesso irrestrito para os membros do partido às universidades, o que antes era um privilégio da elite. Contudo, foi introduzido um limite para o número de estudantes do sexo feminino, não poderia superar 10% do total. O lugar natural das mulheres no Estado nacional-socialista era o de mães abnegadas de bebês arianos, louros e de olhos azuis, um papel resumido no slogan do partido “Kinder, küche und kirche” (crianças, cozinha e igreja). Mesmo assim, 34 mil donas de casa de classe média e de meia-idade haviam ingressado no partido em 1933. Mulheres como Gertrud Scholtz- Klink, de uma lealdade fanática, conhecida como “Führer feminina”, líder da União de Mulheres Alemãs.
            As mulheres solteiras, eram vistas como cidadãs de segunda classe ou Staatsangehöriger (dependentes do Estado), e eram tratadas como os judeus e deficientes mentais.
            Logo após a indicação de Hitler a chancelaria, a nova administração uma política chamada de Gleichschaltung (alinhamento) que obrigou todas as instituições a se moldar à ideologia nazista. Começou pela repressão às organizações da juventude católica, seguida pelo banimento das publicações religiosas, o fechamento de hospitais e colégios católicos e o encarceramento do clero. Até os estudantes do ensino médio foram obrigados a assinar em 1933 uma declaração de fidelidade ao novo regime.
            Enquanto a liderança nazista declarava sua solidariedade ao povo, elaborava leis que prendiam os trabalhadores numa espécie de servidão medieval.
        
Com a Carta de Trabalho (aprovada em janeiro de 1934), por exemplo, a indústria regrediu a um sistema feudal. Logo no segundo parágrafo, afirmava que “o líder da empresa (o patrão) tomava as decisões pelos empregados e trabalhadores”, e estabelecia que “funcionários e trabalhadores devem-lhe fidelidade”. O patrão tinha o poder até mesmo de reter os documentos do trabalhador, caso não quisesse perder o empregado.

            Em maio de 1933, todos os sindicatos foram abolidos e os direitos dos trabalhadores foram regulados pela Frente para o Trabalho.
            A família foi infectada pela ideologia nazista, que doutrinava as crianças voltando-as contra seus pais, e foram feitas até mesmo tentativas de suplantar a religião como uma forma de adoração neopagã que deificava Hitler como o salvador da nação. Foi decretado que os casamentos e funerais deviam ser realizados com a suástica substituindo o crucifixo no altar e preces com o juramento de fidelidade ao Führer. Mesmo antes de os nazistas chegarem ao poder, Hitler havia declarado que a educação das crianças da Alemanha era uma prioridade. Qualquer infração, desvio ou observação desleal por parte dos professores, seriam relatados ao Ministério Federal da Educação, que tinha o objetivo de moldar a educação de acordo com a ideologia nacional-socialista.

                        PRINCÍPIOS EDUCACIONAIS DA NOVA ALEMANHA

·         RAÇA: Compreender as tradições alemãs e despertar a pura, imaculada e honrada consciência do povo.
·         TREINAMENTO MILITAR: A juventude deve estar determinada a defender a pátria com a vida.
·         LIDERANÇA: Deve aceitar a ideia de seguir o Führer sem questionar.
·         RELIGIÃO: Deus e nação são os dois fundamentos da vida.

A História foi literalmente reescrita para enfatizar os aspectos positivos do nacionalismo alemão e para atribuir a culpa pela derrota de 1918 aos bodes expiatórios convenientes, os vingativos vencedores aliados a os judeus.
Também se afirmava explicitamente que o propósito da educação era tornar as jovens alemãs aptas para os deveres do lar: “O objetivo da educação das mulheres deve ser prepara-las para a maternidade”.
            A educação física era a disciplina central, onde a competição era impiedosa, incentivada e recompensada.
            As crianças não arianas, foram excluídas de certas aulas, e no caso de Judy Bentom foi ainda pior, ela foi obrigada a sentar numa classe pintada de amarelo e inscrita: “Aqui senta uma garota judia suja”.
Em 10 de maio de 1933, estudantes de Berlim organizaram a queima pública de livros estigmatizados como “não alemães”.
        
A era de individualismo judaico extremo agora está no fim... O alemão do futuro não será apenas um homem de livros, mas um homem de caráter. É para esse fim que queremos educá-los. Como um jovem, já ter a coragem de encarar o olhar fixo e impiedoso, de superar o medo da morte, e de recuperar o respeito pela morte, essa é a tarefa desta jovem geração. E assim vocês fazem bem nesta hora da meia-noite em lançar nas chamas o espírito ruim do passado. É um ato simbólico forte e grandioso... (GOEBBELS, Josef)

            Cem anos antes, o poeta judeu alemão Heinrich Heine escreveu: “Onde se queimam livros, seres humanos serão inevitavelmente os próximos”.
            O milagre econômico que alguns creditaram a Hitler, foi, de fato, alcançado a um custo considerável. A maioria dos homens foram arregimentados para construir as autobahns (sistema ferroviário), com salários baixíssimo. As mulheres estavam em situação ainda pior, já que não eram reconhecidas como pessoas.
            Dois anos após Hitler se tornar chanceler, os sinais de uma nova ditadura eram claros. Bandeiras com a suástica tremulavam em todos os prédios públicos e meninos usavam uniformes da Juventude Hitlerista.
            A vida diária era acompanhada pelos vigilantes, que monitoravam e reportavam quaisquer infrações para a Gestapo. Ler um jornal estrangeiro se tornou um ato ousado, havia riscos de prisão para quem fosse pego.
            Havia relatos sinistros do que era feito por Goebbels, Rosenberg e Ley em Dachau.
            O nacional-socialismo não era apenas um programa político, mas também um culto que oferecia a cada cidadão leal aquilo que eles haviam sido privados: o amor próprio.
            Nunca se podia ter certeza de que um encontro casual não havia sido arquitetado para pegar alguém de surpresa e tirar algum comentário que pudesse ser usado para provar deslealdade ao regime.
            As leis de Nuremberg de 1935, privaram os judeus de sua cidadania, os proibiam de casar ou manter relações sexuais com gentios.
            A noite do dia 9 de novembro de 1938 ficou conhecida como “Noite dos Cristais”, onde baderneiros nazistas arrasaram lojas de judeus e queimaram sinagogas.    Para os que sofriam de alguma deficiência física ou mental, a vida era terrivelmente cruel. Tudo começou com a esterilização de cegos, surdos, deficientes físicos e os que sofriam de depressão crônica. Nos 4 anos seguintes, foram realizadas 200 mil esterilizações compulsória para matar os “indignos de viver”.
            Foi estabelecida uma “Unidade para Crianças Especiais”, na qual era dada aos pacientes uma injeção letal (morfina-escopolamina), e os pais eram informados de que haviam morrido de causas naturais.
            Em outas unidades de “saúde”, o governo nazista financiava pesquisas em seres humanos, com o mero fim de investigação.
            Para os alemães, a Segunda Guerra não começou com o ronco dos bombardeios, nem ataques aéreos e blecautes. Em vez disso, o primeiro sinal de que a Alemanha estava envolvida em um conflito internacional veio com o rompimento de todas as comunicações com o mundo exterior.
            A partir de 1 de setembro de 1939, nenhuma ligação telefônica podia ser feita para fora do Reich. O rádio era agora, a principal fonte de informação, e todas as transmissões tinham que ser aprovadas por Goebbels.
            A invasão da Polônia não foi um ato de agressão, diziam, mas meramente a Alemanha exercendo sua autoridade para “libertar” os alemães e limpar a Europa das “raças inferiores”.
            Quando a guerra foi declarada, a população teve de se acostumar com o blecaute. Nas comunidades rurais, até os homens mais velhos foram recrutados para o serviço militar.
            Racionamento e escassez eram apenas o começo das inconveniências impostas à dona de casa alemã. Goering anunciou em 1934, a política “armas, não manteiga”, o racionamento declarado só foi oficializado em 1939.
            A escassez de bens, as jornadas maiores de trabalho e a cobrança de mais produtividade eram comuns enquanto as forças alemãs avançavam pela Europa.
            Goering se gabava de que nenhuma bomba aliada cairia sobre Berlim enquanto sua invencível Luftwaffe (força aérea alemã) dominasse os céus e quando isso se mostrou falso, a população começou a perguntar que outras mentiras estavam sendo contadas.
            O clima piorou com os primeiros ataques aéreos às principais cidades alemãs no verão de 1941. O correspondente dos EUA William L. Shirer descreveu a reação de surpresa dos moradores ao primeiro bombardeio da capital, em 26 de agosto: “Os berlinenses estão atônitos. Eles não imaginavam que aquilo poderia ocorrer. Quando essa guerra começou, Goering garantiu-lhes que não poderia (...). Eles acreditaram nele. Sua desilusão hoje, portanto, é ainda maior. Você tem de ver seus rostos para medi-la”.
            Durante o blecaute, casos de estupro e assassinato aumentaram de modo alarmante.
            Na primavera de 1944, o alemão comum estava sem esperanças e tudo que queriam era estar vivo para ver o fim, fosse uma vitória ou uma rendição já não importavam. Desejavam apenas que aquilo terminasse, para poder continuar suas vidas sem a ameaça constante dos bombardeios. Cada jornada do dia era cheia de perigos, principalmente após o Dia D quando os Aliados se viram livres para bombardear transportes civis e militares por toda a Alemanha.
            Noite após noite os Aliados atingiram fábricas de munições e oficinas de avião. Na primavera de 1944, a imprensa alemã continuava a proclamar a vitória em manchetes enormes. Na imprensa alemã, todo recuo era chamado de “retirada estratégica”. A própria menção à possibilidade de derrota já era uma traição.
            “Tanta normalidade quanto possível, tanta guerra quanto necessário”, dizia o slogan nazista daqueles tempos de desespero.
            Durante o curso da Segunda Guerra Mundial, 18 milhões de homens alemães deixaram suas casas para servir nas forças armadas.
            As cartas desenterradas dos arquivos do serviço postal alemão por pesquisadores e historiadores são surpreendentemente pouco emotivas e, em vez disso, focadas em conselhos práticos dados pelos maridos às mulheres, encorajando-as a suportar e ser pacientes até poderem se reunir. Eles pedem aos filhos que não deixem de fazer o dever de casa, que ajudem as mães a se manterem animadas. Poucos conscritos expressavam quaisquer opiniões sobre o regime ou o resultado da guerra nessas cartas para casa, já que todo soldado tinha consciência da censura rígida imposta às correspondências do front.
            Em 13 de fevereiro de 1945, os habitantes de Dresden tinham a esperança de que já tivessem passado pelo pior, porém, por duas noites seguidas, 1250 bombardeiros lançaram 4 mil toneladas de explosivos de alta potência transformando o centro da cidade em um verdadeiro inferno, acabando com a vida de 25 mil civis.
            “O homem que fundou o Terceiro Reich, que o governou de maneira brutal, frequentemente com uma perspicácia fora do comum, que o elevou a patamares vertiginosos e o rebaixou a um fim tão deplorável era uma pessoa de engenhosidade inquestionável, se não cruel. É verdade que ele encontrou no povo alemão, como se uma providência misteriosa e séculos de experiência o tivessem moldado para aquele momento, um instrumento natural, que ele foi capaz de modelar para que se conformasse à sua própria finalidade sinistra.” (William L. Shirer, Ascenção e queda do Terceiro Reich).
            Quando os Aliados ocuparam uma Alemanha vencida na primavera de 1945, eles partilhavam o desejo de punir todos os líderes nazistas e seus seguidores, os quais haviam trazido tanto sofrimento e destruição ao mundo durante os cinco longos anos da guerra recém-terminada.
            O problema era que a tarefa de identificar os nazistas de médio e baixo escalão, depois que eles se livravam de seus uniformes, destruíam todos os documentos incriminadores e mergulhavam no caos de uma sociedade em desagregação, era das mais complexas. Há relatos sobre oficiais nazistas capturados, que perguntavam serenamente onde seriam alojados e eram orientados a seguir na direção de patrulhas que tinham instruções de disparar sem aviso contra soldados inimigos.
            Ainda que Hitler, Himmler e Goebbels cometido suicídio nos dias finais da guerra e muitos oficiais superiores da SS tivessem fugido da Justiça para a América do Sul pelas chamadas ratlines (linhas de rato) do Vaticano, os Aliados tiveram algum sucesso em encaminhar à justiça formal aqueles que consideraram responsáveis por “cometer crimes contra a paz e crimes de guerra” e por iniciar “crimes contra a humanidade”. Em novembro de 1945, eles colocaram 22 dos mais notórios membros da liderança nazista em julgamento público em Nuremberg, entre os quais Hermann Goering, Rudolf Hess, Joachim Von Ribbentrop e Albert Speer. Martin Bormann, secretário particular de Hitler, foi julgado e condenado in absentia (em ausência).
            O 23° acusado, Robert Ley, tirou a própria vida entes de o julgamento começar.
            A justiça foi feita e, mais importante, foi vista sendo feita.
             

            

sábado, 2 de julho de 2016

COLISEU - UMA DAS SETE MARAVILHAS DO MUNDO

          Se o grenal de amanhã, dia 03/07/2016, o maior clássico futebolístico do Brasil e um dos maiores do mundo, fosse disputado no final do século I, só haveria um lugar no planeta terra capaz de comportar um jogo de tamanha magnitude.

          Certamente o clássico não realizar-se-ia no estado do Rio Grande do Sul, nem no Brasil e nem nas Américas. No final do séc. I, o grenal de n° 410 (154 vitórias do Inter, 128 empates e 127 vitórias do Grêmio) só poderia ser realizado noutro continente, mais precisamente na Europa, no Anfiteatro Flaviano. Conhece? Na verdade, pouca gente sabe que Anfiteatro Flaviano é o u nome de batismo do Coliseu.

          A ideia de construir o Coliseu foi do imperador romano Vespasiano e as obras  dele começaram no ano de 72. O local escolhido foi o antigo palácio de Nero, outro imperador romano. A obra durou oito anos, porém, Vespasiano não viveu até a conclusão do Coliseu. Um ano antes da obra de grandes proporções findar, o imperador Vespasiano veio a falecer. Com isso, foi Tito, filho de Vespasiano, que assumiu o governo do império e quem inaugurou a obra. Em homenagem a seu pai, Tito deu o nome para a obra de Anfiteatro Flaviano.

          Muitos historiadores acreditam que o nome Coliseu surgiu somente muito tempo depois, provavelmente no século XI. A inspiração para o nome Coliseu teria sido a estátua Colosso de Nero que, com 35 metros de altura (aproximadamente a altura de um prédio de 10 a 11 andares) e feita toda de bronze, ficava ao lado do anfiteatro.

          Os materiais utilizados para a construção do Coliseu são variados, mas os principais foram mármore, ladrilho, tufo e pedra travertina. Inicialmente, sua construção em três andares comportava um público estimado em 50.000 pessoas. Mais adiante, durante os governos de Alexandre Severo e Giordano III, foi realizada uma reforma que acrescentou mais um andar ao Coliseu, aumentando sua capacidade para cerca de 80.000 pessoas. A arena, área das batalhas, tinha 85 por 53 metros.

          O Coliseu criou um novo conceito em arquitetura de anfiteatros. Se antes, na Grécia, eles possuíam formato de meia lua, a partir da construção do Coliseu o formato passou a ser circular. Os engenheiros responsáveis pela obra, criaram o Coliseu a partir da junção de duas meia lua. Imaginando unir a base reta de uma meia lua com a mesma base de outra é que surgiu a ideia do formato circular. Esse projeto foi inovador, pois a partir do Coliseu é que surgiu a concepção do anfiteatro 360°, já que a visão do espectador é integral.

          Afora a questão egocêntrica do imperador Vespasiano, pois uma obra de tamanha grandiosidade deixaria e deixou seu nome imortalizado na história, a construção do Coliseu servia para alentar a população do império, fazendo-se jus a política "pão e circo", amplamente utilizada pelos governantes romanos.

          Após a conclusão do Anfiteatro Flaviano, a inauguração foi levada adiante por um período que durou cerca de cem dias. Nesse período, estima-se que as baixas havidas entre homens e animais foram na ordem de 5000 (cinco mil). Os "espetáculos" havidos na arena do Coliseu eram dos tipos mais variados e iam desde execuções, lutas de gladiadores até, pasmen,  simulação de batalhas navais. Isso mesmo,  você não leu errado, pois o complexo sistema romano  de dutos conseguiam despejar uma enorme quantidade de água na arena do Coliseu a ponto de alaga-la, possibilitando a execução de batalhas navais simuladas em seu interior.

         Porém, as batalhas navais não foram um espetáculo apreciado por muito tempo, pois cerca de 10 anos após a conclusão do Anfiteatro Flaviano, foi realizada nele a sua primeira reforma. Nela, o subsolo do Coliseu foi modificado e nele foram criados jaulas para animais selvagens, celas para prisioneiros e gladiadores, entre outros. Inclusive compartimentos móveis que emergiam de surpresa, trazendo animais selvagens e gladiadores, do subsolo para a arena de batalha durante a realização de algum "espetáculo". Tal situação pode ser observada no filme "Gladiador", onde foi muito bem reproduzida.

          O anfiteatro abrigou espetáculos até o ano de 404, quando o governo do imperador Honório proibiu a realização dos eventos. Nessa mesma época aconteceu um terremoto de grandes proporções que destruiu parte do Coliseu. No governo do imperador Valentiniano III foi realizada uma grande reforma no Coliseu.

         Já no início da idade média, o Coliseu, um dos maiores símbolos do Império Romano, não era mais utilizado conforme sua proposta original. Com o fim dos espetáculos sangrentos, o Coliseu passou a ser usado como espaço para habitações, oficinas, sede de ordens religiosas, entre outros. O mármore e o bronze de sua estrutura ou foram saqueados, ou usados para ornamentar igrejas e monumentos católicos. Inclusive, peças de mármore do Coliseu foram utilizadas na construção da Basílica de São Pedro. No século XI, o Coliseu serviu até como fortaleza.

         É meu dever dizer que não faço a mínima ideia do resultado do grenal de amanhã. Mas sei que se ele fosse realizado no Coliseu, nos anos do seu auge e caso você quisesse assisti-lo ao vivo, seu acesso só seria possível mediante apresentação de um bilhete de entrada. Assim como hoje em dia, seu bilhete lhe daria acesso a um setor específico com entrada permitida somente no portão referente ao local indicado. O Coliseu era dividido em cinco setores de acordo com a posição social, do indivíduo, além da tribuna vip destinada ao Imperador e seus convidados.

         Por fim, cabe salientar que o Coliseu era muito mais cômodo que muitos estádios modernos. Pra se ter uma ideia, o Coliseu possuía até uma cobertura retrátil de lona, presa a 240 mastros e que, em dias de muito sol, era usada para proteger todos espectadores. Em 2007 o Coliseu foi considerado uma das sete maravilhas do mundo e tem status de patrimônio da humanidade (título conferido pela UNESCO)

"SALVE CÉSAR! AQUELES QUE VÃO MORRER TE SAUDAM." (frase dita pelos gladiadores antes das batalhas)

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Jogos Olímpicos de Verão

         Em 1936, durante os dias 1 e 16 de agosto, aconteceram os Jogos Olímpicos de Verão, em Berlim, com o objetivo de demonstrar ao mundo a supremacia da raça ariana.
        Em 1931, o Comitê Olímpico Internacional determinou que os Jogos de Verão fossem realizados em Berlim e Adolf Hitler usou os Jogos para camuflar seu caráter racista e assim encantar espectadores e jornalistas estrangeiros com a imagem de uma Alemanha pacífica e tolerante. Nos EUA, Grã-Bretanha, França, Suécia, Checoslováquia e na Holanda, surgiram movimentos pedindo o cancelamento do evento.
         Atletas judeus de diversos países decidiram boicotar os Jogos, mas em dezembro de 1935, após o Sindicato dos Atletas Amadores dos EUA decidir participar, os outros seguiram a decisão.
         Foi construído um imenso complexo esportivo para os jogos e bandeiras olímpicas com a suástica enfeitavam as ruas e casas de Berlim.
          O presidente do Comitê Olímpico, o belga Henri de Baillet- Latour, solicitou que Hitler incluísse judeus na delegação alemã, e Hitler teria respondido: "Quando você é convidado à casa de um amigo não deve dizer como ele deve agir". Imediatamente, o presidente do Comitê teria finalizado: "Desculpe-me, mas quando os cinco aros olímpicos estão no estádio, não estamos na Alemanha e sim nos Jogos Olímpicos e aqui nós comandamos."
         A maioria dos turistas não sabia que o regime nazista havia removido temporariamente os painéis antissemitas, tampouco sabiam que a polícia havia capturado os ciganos e colocado em isolamento.
        As autoridades nazistas também decidiram que os visitantes estrangeiros não deveriam ser sujeitos às penalidades das leis alemãs contra o homossexualismo.
       
     Quarenta e nove equipes de atletas do mundo todo participaram dos Jogos, e a Alemanha possuía a maior equipe, composta por 348 atletas. A União Soviética não participou dos Jogos e a equipe norte-americana possuía 312 membros, entre eles 18 afro-americanos.
        Com uma equipe de maioria afrodescendente, a seleção de futebol peruana venceu de 4-2 a Áustria, país de origem de Adolf Hitler, o jogo foi disputado em 8 de agosto, no estádio Hertha Platz.
       Até os 75 minutos, a Áustria ganhava de 2-0, mas o Peru empatou com gols de Jorge Alcalde e Alejandro Villanueva, que tiveram que ir à prorrogação. No tempo extra, o Peru marcou 5 gols, dos quais 3 foram anulados pelo árbitro que "não queria deixar o ditador insatisfeito". O Peru acabou ganhando de 4-2.
          No dia seguinte, a organização ordenou que o jogo fosse anulado e disputado outra vez, alegando que as dimensões do campo era pequenas demais e que os torcedores peruanos haviam invadido o campo após o quarto gol. No entanto, o governo do Peru, ofendido recusou-se a jogar novamente e abandonou as Olimpíadas.
          A Áustria chegou até a final, onde perdeu para a Itália.
          A Alemanha foi a grande campeã das Olimpíadas e as perseguições aos judeus foram retomadas ao final dos Jogos.
          Dois dias após o término dos Jogos, o capitão Wolfgang Fuerstner, chefe da Vila Olímpica, suicidou-se ao saber que havia sido demitido do serviço militar por ser de origem judaica.
          Os esforços da propaganda continuaram, sendo incrementada em 1938 com o lançamento de "Olympia: Ídolos do Estádio", um documentário polêmico dirigido por Leni Riefenstahl, cinegrafista alemã simpatizante do Nazismo.

         Segue o link para o vídeo onde Eduardo Galeano conta um pouco do jogo entre Áustria e Peru.
https://www.facebook.com/NossaEpoca/videos/1213662475311505/